Produção e Divulgação de Podcasts como Atividade de Extensão

Adolfo Neto
9 min readApr 18, 2020

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Nesta sexta-feira dia 17/04/2020 eu apresentei a palestra “Produção e Divulgação de Podcasts como Atividade de Extensão” para meus colegas professores e funcionários da UTFPR. A palestra foi parte da Jornada Colaborativa de Aprendizagem na UTFPR-ct.

O resumo da atividade foi:

“Como elaborar, gravar, publicar e divulgar um podcast.

Detalhamento:

- Como elaborar? Tipos de podcast: entrevista, conversa, leitura, programa de rádio.

- Como gravar? Skype, Zoom

- Como publicar? Anchor, Megafono, RSS, Spotify, PocketCasts

- Como divulgar? Twitter, Facebook, Instagram, Página”

Fiz um vídeo-trailer da atividade que está em https://youtu.be/5xXaAqKsmn8

Neste link https://youtu.be/OnPZ_fMnzQc você a versão editada (sem a parte inicial que incluía testes de transmissão) e aqui https://youtu.be/Q-e6vbNI6U4 a versão ao vivo (com a parte inicial e os comentários dos participantes durante a transmissão).

Os slides da apresentação estão em https://speakerdeck.com/adolfont/producao-e-divulgacao-de-podcasts-como-atividade-de-extensao

Sobre o que falei nesta palestra? Falei sobre como professores universitários podem usar podcasts como projetos de extensão.

É esperado de professores universitários brasileiros, ao menos nas instituições públicas, que participem de diversas atividades:

  • Ensino
  • Pesquisa
  • Extensão
  • Administração

Não é muito diferente lá fora nas boas universidades dos EUA e da Europa.

Atividades de extensão, no linguajar dos professores, são atividades direcionadas ao público que não está na universidade, isto é, a pessoas que não necessariamente são alunos, professores ou funcionários da universidade.

A primeira coisa que fiz na apresentação foi apresentar os tipos de podcast. Não fiz nenhuma pesquisa formal para saber como são classificados os tipos de podcast. Apenas me baseei nos podcasts que escuto.

Um dos tipos é o que chamo de tipo Entrevista. Como o nome diz, neste tipo de podcast uma ou mais pessoas entrevistam um(a) convidado(a). As pessoas que entrevistam são chamadas de hosts (que significa “anfitrião” em inglês). No “Emílias Podcast” geralmente os hosts somos eu e minha bolsista Nayara. Às vezes o único host sou eu. E às vezes um outro bolsista do programa de extensão Emíli@as — Armação em Bits, Vinicius, participa como host.

Um outro tipo é o tipo Leitura ou Monólogo. Um bom exemplo é o podcast “Descobre a mochila!” em que Juliana Nair dos Santos Silva, uma bióloga que conta “histórias e reflexões acerca de experiências vividas no mundo, por uma viajante sem pressa”. Ela simplesmente lê um texto com entonação e fundo musical. Alguns podcasts neste estilo, como o Tecnocracia, deixam o texto lido em seu site, com links.

Outro tipo bastante popular é o tipo Bate-papo (ou “Conversa de Bar”). Um dos podcasts mais famosos no Brasil neste estilo é o Anticast, criado por Ivan Mizanzuk, egresso do programa de Doutorado em Tecnologia e Socidade da UTFPR (programa PPGTE). O primeiro episódio do Anticast foi publicado em 3 de fevereiro de 2011 (http://archive.is/9PKyj, http://archive.is/7KqwV), mas já tinha sido anunciado em 17/01/2011 e em 14/01/2011 de forma enigmática. Achei menções anteriores a podcast na timeline do Mizanzuk.

No episódio 66 (31/01/2013) o Anticast entrevistou a professora da UTFPR Luciana Martha Silveira. Ou seja, nem sempre o formato do Anticast era bate-papo. Ou seja, formato não é algo fixo. Um mesmo podcast pode adotar diferentes estilos em diferentes episódios. Ou mesmo mais de um estilo num mesmo episódio (por exemplo, o Anticast adotou o estilo Leitura e o estilo Entrevista neste episódio com Leandro Demori).

Um último tipo, que na verdade são dois tipos mas não vou diferenciar, é o tipo Programa de Rádio/Storytelling. Bons exemplos brasileiros são o Foro de Teresina (da Revista Piauí) e o Projeto Humanos (também do Ivan Mizanzuk). Dentre os internacionais, meu favorito é o Revisionist History, de Malcolm Gladwell. Escutem os três episódios que ele fez sobre universidades americanas:

Por que não diferencio estes tipos? Porque eles dão muito trabalho. Geralmente exigem uma equipe grande de produção e/ou muito trabalho de uma pequena equipe para fazer um único episódio. Mas quem sabe este é o tipo de podcast que você quer fazer? Quem sabe seus alunos podem te ajudar? Escute podcasts deste estilo e decida.

Várias pessoas da UTFPR (alunos, professores, funcionários) já fizeram ou ainda fazem podcasts. Abaixo uma lista em ordem alfabética:

São vários também os podcasts pelo mundo em que os hosts são professores universitários:

Um tema que abordei pouco no meu curso foi sobre como escutar podcasts. Imagino que quase todo mundo hoje em dia saiba que dá para escutar no computador, no tablet ou no celular. E que alguns dos principais aplicativos em que você pode assinar ou simplesmente escutar um podcast são Spotify, PocketCasts (meu favorito, pois reduz silêncio e aumenta o volume além do aumento normal), Stitcher, entre outros. Dá também para escutar no próprio site do podcast e alguns podcasts fazem upload de seus episódios no YouTube.

Alguns dos meios para escutar podcasts permitem que você aumente a velocidade de reprodução. Assim, você pode escutar um podcast de 40 minutos em 20 minutos se você conseguir entender as falas numa velocidade 2X. Podcasts em inglês eu costumo escutar a 1,2X e em português entre 1,6X e 2X. Por sinal, se tem uma coisa que eu detesto em podcasts é quando eles incluem músicas boas no meio do podcast. Exemplos de podcasts que fazem isso são o Chutando a Escada e o Lado B do Rio. A música fica toda deformada quando escuto o podcast a 2X! Parem. Simplesmente parem.

Outra característica dos aplicativos para escutar podcast em celular é que você pode fazer o download do episódio usando o wifi da sua casa/escola/trabalho e depois escutar o podcast na rua sem usar os dados do seu celular. O PocketCasts faz isso para todo novo episódio dos podcasts que você assina. No Spotify você tem que pedir para fazer o download episódio por episódio (estou certo?). Ele, em seu plano gratuito pelo menos, não faz o download de cada episódio de cada podcast que você segue.

Comentei algumas das características dos podcasts. Alguns podcasts se comprometem com uma certa periodicidade (diário, semanal, quinzenal, mensal). Outros não. Alguns podcasts são contínuos, outros são por temporada (primeira temporada, segunda temporada, e assim por diante). As durações de episódios são as mais variadas. Alguns duram alguns minutos (menos do que 10), outros meia hora, uma hora, duas horas, três horas (Joe Rogan Experience)!

Tudo bem um podcast terminar? Sim, claro. O UnErased foi pensado para ter uma temporada com quatro episódios. O Grok Podcast teve vários episódios entre 2010 e 2015; e acabou. Continua sendo ótimo mesmo assim. Um dos meus posts mais acessados em meu blog (Why did José Valim create Elixir? — Adolfo Neto) foi baseado num episódio deles.

Podcasts tem um logotipo (uma imagem quadrada) e é permitido que cada episódio tenha seu próprio logotipo. Eu faço meus logotipos de episódio usando o LibreOffice Impress.

Alguns podcasts fornecem transcrição de seus episódios. A maioria não fornece. Dois exemplos de podcasts que fornecem boas transcrições: Changelog e Tim Ferriss.

Todo podcast tem um título e uma descrição. Exemplo:

  • Título do podcast: Somos Cintia
  • Descrição do podcast: “O Podcast do Grupo Cintia — Ciência e Tecnologia da Informação com Elas — que faz parte do Centro de Informática da UFPE, é um programa quinzenal de discussão e divulgação científica com foco em mulheres e tecnologia. Aqui vamos conversar sobre pesquisas e ações realizadas por mulheres do Cintia, do Brasil e do mundo. Tudo regado com as questões envolvendo equidade de gênero, tanto no campo da educação quanto do trabalho. Para saber mais e interagir conosco, siga e comente nas nossas redes sociais. Instagram e Twitter: @grupocintia #SomosCintia #MulheresPodcasters”

Todo episódio também tem seu título e sua descrição. Se for de um podcast em temporadas, deve incluir o número da temporada e o número do episódio naquela temporada. A descrição geralmente contém links do que foi discutido. Exemplo:

  • Número da temporada: 1
  • Número do episódio na temporada: 13
  • Título do episódio: Não há espaço para retrocessos!
  • Descrição do episódio:

Uma empresa pode divulgar uma vaga exclusiva para homens? Igualdade é sinônimo de justiça? O que é uma ação afirmativa? Universidade é lugar de discutir gênero? O que tudo isso tem a ver com tecnologia? Para tentar responder essas perguntas tivemos uma conversa DELICIOSA com Amália Câmara (@Skanqueen) que tem graduação, mestrado e doutorado em Direito e também tem doutorado em CIência Política, é coordenadora da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura e mais um bucado de coisa que o currículo da mulher é extenso :D Escuta o episódio e não deixa de comentar sobre e divulgar nas suas redes usando as hastags #SomosCintia e #MulheresPodcasters

Referências citadas nesse episódio:

Desigualdades da mulher no mercado de trabalho — https://bit.ly/2K7Vs8p

(…)

Como gravar um episódio? Como o único tipo de podcast que faço é no formato entrevista, só posso falar com alguma segurança sobre este tipo.

A primeira tarefa é escolher o(a) entrevistado(a), que deve estar relacionado(a) aos objetivos do podcast. No Emílias Podcast escolho mulheres que estudam e/ou trabalham na área de computação. Procuro variar os perfis: professores, desenvolvedoras, consultoras, etc.

Depois de escolhida a entrevistada, entro em contato para saber se a pessoa aceita. Em alguns casos não obtive resposta.

Se a pessoa confirmar, é hora de agendar a entrevista. Procuro agendar um horário em que eu e um de meus alunos co-hosts possam participar.

Eu já tenho uma lista de perguntas básicas (exemplo: “como você se interessou pela área da computação?”) que fazemos em todos os episódios. Pesquisamos um pouco mais sobre a entrevistada para poder fazer perguntas específicas (exemplo: “o que é o AfrotechBR?”).

Aí chega o momento de entrevistar. A entrevista pode ser presencial (uso o Estúdio de áudio da COTED na UTFPR Curitiba) ou online. Quando é presencial, isto afeta a fase anterior de agendar a entrevista pois só posso agendar nos horários em que o estúdio está aberto, claro. No estúdio posso usar uma mesa de gravação com três microfones, um computador com o software Audacity instalado e internet (para poder salvar o arquivo na nuvem).

Quando a entrevista é online, preciso escolher o software usado para comunicação. Já usei Zoom, Skype, Google Meet (professores da UTFPR têm vantagens) . É possível também usar o Discord. Não é preciso ativar a câmera. Prefiro não ativar para economizar a internet mas tem gente que grava uma live no YouTube com imagem e depois posta apenas o áudio como podcast (exemplo: The Michael Brooks Show). Para isso, em geral é preciso usar outros software como o OBS Studio.

Uma vez gravado o episódio, é preciso editar. Alguns podcasts, como os meus, sofrem um mínimo de edição. Os podcasts do estilo storytelling são bastante editados. Dá trabalho. Quando tiver alguma dúvida do tipo “Como faço X no Audacity?”, coloque no Google e a resposta vai aparecer.

As tarefas básicas de edição são:

  • Redução de ruídos
  • Remoção de falas erradas ou silêncios
  • Normalização de falas
  • Aumento do volume
  • Inclusão de uma abertura (com ou sem fundo musical)

No final da edição você tem o áudio do seu podcast em formato WAV, MP3 ou M4A. É este arquivo que você publica num site como o Anchor, o Megafono, o Soundcloud ou outros. Você pode também hospedar os áudios em seu próprio site e criar um arquivo RSS para ser usado nos agregadores de podcast como o PocketCasts, Google Podcasts, Stitcher, etc.

Uma vez que seu episódio foi publicado, agora é hora de divulgar. Eu gosto muito do Twitter, portanto divulgo primeiramente na conta do Emílias por lá. Mas é possível divulgar também no Facebook, no Instagram, no LinkedIn. Em todas estas redes você pode divulgar como um post e/ou como um story. Para incluir um vídeo com uma amostra do podcast na sua divulgação, recomendo o Headliner. Veja um vídeo que ele fez para meu podcast.

Conseguiu chegar até o fim? Muita coisa, não é? Se tiver alguma dúvida ou sabe de algo que eu não sei, me dá um toque lá no meu Twitter @adolfont ou por email (adolfo AT utfpr.edu.br).

Você tem interesse em interesse em um Curso de Produção de Podcasts?Responda em https://forms.gle/Cq2GyXyYdC2KmK6G6

Conteúdo extra:

Como gerar um vídeo simples para seu podcast usando Kdenlive

https://www.youtube.com/watch?v=rlwTyqfXiP8

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Adolfo Neto

Sou Professor da UTFPR. Aqui publico textos em português. Texto em inglês estão em https://medium.com/@adolfont Twitter: https://twitter.com/adolfont.